(Palavras em verso)
TEAR
Fios
Cabelos em cachos, fios soltos,
moldura esposta, linha obscura,
arquitetura de véus envoltos
por qualquer brisa perdida há horas
pelo salão, enquanto dançam,
e vão e vêm e girobalançam,
redemoinham de encontro à valva
num frenesi de sutis encantos.
Sobre o dorso a trança estendida
tear de retas entrelaçadas
no tempo e em sonhos absolutos,
linha de história reimaginada,
de algum passante, desejo oculto
feixe de enleios, sedosa escada.
Teia
Teia dourada, suave trilha,
rastros de fada, tez andarilha;
suspiro leve, fio entreaberto,
lasca de ébano cintila
o lustre fosco, trilha tramada
no lusco-fusco da madrugada.
Uma chama se consome
como fina labareda
fio de cobre quando some
lume-fogo quando queima,
como espectro que treme
sombra que molda a chama
volta ao início a trama
fachos de fitas tênues.
Nenhum comentário:
Postar um comentário